Guardo comigo uma edição de 1969 do livro "Território de Bravos" do escritor Francisco Marins, Editora Melhoramentos.
Eu me lembro muito bem quando meus pais me deram esta história.
Peguei o embrulho em papel de presente e abrir com curiosidade. Olhei para os meus pais e ouvi a seguinte recomendação: "É para você sonhar!".
E sonhei! Entrei de cabeça na aventura. Em um determinado momento, fechei o livro e me perguntei: "Como alguém consegue criar histórias?" Em seguida veio outra pergunta, mais importante: "Será que eu posso ser um contador de histórias?"

Foi assim que comecei. Pelo incentivo de sonhar. Por receber de presente a possibilidade de entrar em contato no tempo certo de fazer as perguntas corretas.
As minhas histórias surgem da liberdade que dou à minha imaginação de não parar na realidade "concreta". Como diz Jung "tudo tem sombras". Por trás da dureza da realidade, sempre há sombras e olhar para elas exige coragem de descobrir verdades escondidas. Procuro por elas e as transformo em histórias.
Cada um de meus livros tem como origem uma pergunta. E elas surgem do dia a dia. Por exemplo: "Qual a força do passado em nossa vida presente?"
"O que acontece quando descobrimos quem realmente somos?"
"A que pergunta nossa vida veio responder?"
"O que o inesperado pode provocar em nós?"
"Todas as bruxas são más?" (Esta, na verdade, foi uma criança quem me perguntou. Foi aí que surgiu o livro infantil "A bruxa que andava com a vassoura nas costas".
Pois bem, é assim que surgem minhas histórias. A partir de perguntas inesperadas dentro do meu cotidiano. E com as palavras mais simples possíveis, transcrevo o que minha mente é capaz de processar da minha teimosia em seguir a recomendação de meus pais ao receber meu primeiro livro: "É para você sonhar!".
É assim, sem complicações, ainda intrigado com a magia do lápis percorrendo a folha de papel, que vou contando minhas histórias...