segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Como surgem minhas histórias?

Antes de falar como elas surgem, vou contar para você quando elas começaram a surgir.
Guardo comigo uma edição de 1969 do livro "Território de Bravos" do escritor Francisco Marins, Editora Melhoramentos. 
Eu me lembro muito bem quando meus pais me deram esta história. 
Peguei o embrulho em papel de presente e abrir com curiosidade. Olhei para os meus pais e ouvi a seguinte recomendação: "É para você sonhar!".
E sonhei! Entrei de cabeça na aventura. Em um determinado momento, fechei o livro e me perguntei: "Como alguém consegue criar histórias?" Em seguida veio outra pergunta, mais importante: "Será que eu posso ser um contador de histórias?"

Eu estava sozinho no quarto. Peguei um de meus cadernos e arranquei duas folhas do meio. Elas eram grampeadas. Fiquei olhando para elas na expectativa de que algo mágico acontecesse. Talvez, esperasse que o lápis fosse o responsável em contar a história e que eu simplesmente emprestaria minha mão para fazê-lo escorregar pelo papel. Mas isto não aconteceu. Eu era sonhador naquela época. Vivia com a cabeça no mundo da lua. Demorou um pouco para a primeira história sair deste mundo desconectado da magia do lápis por si mesmo. Percebi que as ideias estavam na minha imaginação. Meu primeiro conto não tinha mais do que uma das quatro páginas em branco na minha frente. Mesmo assim estava feliz. Descobri que eu poderia ser um contador de histórias.
Foi assim que comecei. Pelo incentivo de sonhar. Por receber de presente a possibilidade de entrar em contato no tempo certo de fazer as perguntas corretas.
As minhas histórias surgem da liberdade que dou à minha imaginação de não parar na realidade "concreta". Como diz Jung "tudo tem sombras". Por trás da dureza da realidade, sempre há sombras e olhar para elas exige coragem de descobrir verdades escondidas. Procuro por elas e as transformo em histórias.
Cada um de meus livros tem como origem uma pergunta. E elas surgem do dia a dia. Por exemplo: "Qual a força do passado em nossa vida presente?"
"O que acontece quando descobrimos quem realmente somos?"
"A que pergunta nossa vida veio responder?"
"O que o inesperado pode provocar em nós?"
"Todas as bruxas são más?" (Esta, na verdade, foi uma criança quem me perguntou. Foi aí que surgiu o livro infantil "A bruxa que andava com a vassoura nas costas".
Pois bem, é assim que surgem minhas histórias. A partir de perguntas inesperadas dentro do meu cotidiano. E com as palavras mais simples possíveis, transcrevo o que minha mente é capaz de processar da minha teimosia em seguir a recomendação de meus pais ao receber meu primeiro livro: "É para você sonhar!".
É assim, sem complicações, ainda intrigado com a magia do lápis percorrendo a folha de papel, que vou contando minhas histórias...


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