Não fazemos tudo da mesma forma; nós temos um jeito próprio de
fazer as coisas.
Digamos que isto seja o nosso toque pessoal na realização, na
construção da história que nos rodeia. Não pense que você não está
influenciando no que acontece ao seu redor. Na verdade, sua simples
presença já muda a realidade.
O seu olhar modifica a paisagem
porque ela é expressão da sua compreensão no Universo que a provoca. Entretanto, a realidade não é composta somente a partir do seu olhar; mas, sim,
do movimento interpessoal de todos os olhares.

Tudo é
responsabilidade de todos!
Transportando este pensamento
para a minha maneira de contar histórias, escrevi “Do meu jeito: contos, reflexões e poemas”.
Na verdade, trata-se de uma coletânea
de várias fases. O livro contém diversas histórias e não foram escritas
pensando em um único livro. A ideia de juntar todas elas veio com a pergunta
que dá início a este texto.
Nele, há meu primeiro poema: “A
pedra”. Eu era bem jovem quando o escrevi e relê-lo me traz um sabor especial. É claro que não o leio mais com os mesmos olhos de quando o escrevi. A vida não nos deixa pensar da mesma forma em relação a muitas coisas. Talvez,
um dos dons do tempo é a transformação. Pode demorar, mas ele sempre modifica
as coisas. E é preciso percebermos estas mudanças. Ou vemos, ou deixamos o
melhor de nossa vida passar: somos sempre as mesmas pessoas nas diferenças que
nos tornamos em nossa alma.
Sim, isto é um paradoxo: “eu” sou “eu” enquanto me percebo sendo. Mas, já não sou o mesmo que fui antes do “eu" que
sou.
Há também um pequeno poema que gosto
muito. Ele é bem simples. Talvez seja a simplicidade dele que mais me
alegra.
Ainda me lembro de quando ele
surgiu. Estava andando de carro e vi na estrada uma queimada. Havia uma árvore
pegando fogo. Então, pensei na teimosia da natureza em se consertar. A teimosia
da não desistência. Muito tempo depois, passei pela mesma estrada e a árvore
estava lá: parte dela estava verde e havia flores vermelhas. Foi aí que me
perguntei: “Que teimosia é esta?”
Em resposta, escrevi “A árvore”.
Vou transcrevê-lo para você. Antes,
quero lhe propor um exercício. Primeiro leia como se a árvore fosse realmente o
que é, uma árvore. Depois, releia e imagine-a como a natureza. E, por fim, uma
nova leitura transformando-a em “a nossa capacidade de transformação”.
Espero que você goste e descubra
quem realmente é esta árvore.
Por detrás das palavras simples,
sempre há verdades...
A
árvore
A árvore não reclama a poda,
Brota.
Não reclama o
corte,
Insiste...
Se deixarmos
o toco,
Abrolha.
Não reclama o
fogo,
Queima.
Se carvão,
Aquece...
Não reclama a
morte,
Quando na
cadeira de madeira
Descansamos nossa sorte.
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